- Acho que as pessoas não entendiam o que eu tentava fazer em Shaffer. Eu não estava lá para conduzir. Qualquer idiota consegue sinalizar e manter o andamento. Eu estava lá para levar os músicos além do que esperavam deles. Eu considero isso absolutamente necessário. Senão, estaria privando o mundo de um novo Louie Armstrong ou Charlie Parker. Eu já disse como Charlie Parker tornou-se quem era.
- Jo Jones atirou um chimbal contra ele.
- Exato. Parker era um jovem muito bom no sax, mas tocou mal em um concerto e Jones quase o decapitou por isso. O rapaz saiu do palco debaixo de risadas. Chorou até dormir, mas o que fez na manhã seguinte? Praticou. Praticou incessantemente com apenas um objetivo: jamais ser motivo de risadas novamente. Um ano depois, ele volta ao mesmo local e toca o melhor solo que o mundo já ouviu. Imagine se Jones tivesse dito "Tudo bem, Charlie. Bom trabalho." Charlie pensaria: "É verdade, foi mesmo um bom trabalho." Fim da história. O Bird nunca existiria. Na minha opinião, teria sido uma tragédia. Mas é a tendência hoje em dia. E as pessoas se perguntam por que o jazz está morrendo. Cada "disco de jazz" da Starbucks prova isso. Não há outra combinação de palavras mais nociva do que "bom trabalho".
Fletcher (J.K. Simmons) explica ao ex-aluno Andrew (Miles Teller) porque "ensina" do jeito que ensina, em Whiplash - Em Busca da Perfeição, 2014.
**Filme ganhador de 3 Oscars: Edição, Mixagem de Som e Ator Coadjuvante para J.K. Simmons, que ganhou também o Globo de Ouro, o SAG e o BAFTA.**