- Éowyn, por que você continua aqui, e não vai aos festejos em Cormallen além de Cair Andros, onde seu irmão a aguarda?
- Você não sabe?
- Pode haver dois motivos, mas qual é o verdadeiro eu não sei.
- Não quero brincar com enigmas. Fale mais claramente!
- Então se é esse seu desejo minha Senhora: você não vai porque apenas seu irmão a chamou, e contemplar o Senhor Aragorn, herdeiro de Elendil, em seu trunfo não lhe trairia felicidade alguma. Ou então porque eu não vou, e você deseja ficar perto de mim. E talvez seja por esses dois motivos, e você não está conseguindo escolher entre eles.
Éowyn, você não me ama, ou não deseja me amar?
- Desejava ser amada por outro.
Mas não quero a comiseração de nenhum.
- Isso eu sei. Você desejava ter o amor do Senhor Aragorn. Porque ele era nobre e pujante, e você queria ter renome e glória e ser elevada bem acima das coisas mesquinhas que se arrastam sobre a terra. E, como um grande capitão pode parecer admirável para um jovem soldado, assim ele lhe pareceu. Pois é o que ele é, um senhor entre homens, o maior que existe atualmente. Mas, quando lhe ofereceu apenas compreensão e pena, então você não desejou mais nada, exceto uma morte corajosa em batalha. (...) Não despreze a comiseração oferecida por um coração gentil, Éowyn! Mas eu não lhe ofereço minha comiseração. Pois você é uma senhora nobre e valorosa, e obteve um renome que não deverá ser esquecido; e você é uma senhora bela, considero eu, e sua beleza está acima até do que a língua dos elfos pode descrever. E eu a amo. Já senti pena de sua tristeza. Mas agora mesmo que você não sentisse tristeza alguma, nem medo, e não lhe faltasse nada; fosse você a bem-aventurada Rainha de Gondor, ainda assim eu a amaria.
Éowyn, você não me ama?
- Estou em Minas Anor, a Torre do Sol e eis que a Sombra partiu! Não serei mais uma escudeira, nem competirei com os grandes Cavaleiros, e não deixarei de me regozijar apenas com canções de matança. Serei uma curadora, e amarei todas as coisas quecrescem e não são estéreis.
Não desejo ser uma rainha.
- Assim está bem pois eu não sou um rei. E mesmo assim me casarei com a Senhora Branca de Rohan, se ela assim o desejar. E, se ela quiser, então atravessaremos o Rio e em dias mais felizes iremos morar na bela Ithilien, e lá faremos um jardim.
Todas as coisas crescerão ali com alegria, se a Senhora Branca vier.
- Então devo deixar meu próprio povo, homem de Gondor?
E você gostaria que seu povo orgulhoso dissesse a seu respeito:
“Lá vai um senhor que domou uma intrépida escudeira do norte!
Não havia uma mulher da raça de Númenor para ele escolher?”
- Gostaria.
Faramir, capitão de Gondor, se declara a Éowyn, a Senhora Branca de Rohan, após a destruição do anel e de Sauron, em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, editora Martins Fontes, 2001, publicado pela 1ª vez em 1955.
Foto: O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei - New Line, 2003.
Adoro essa parte. E acho a Éowin uma boba.
ResponderExcluirÉ verdade, mas sou mais a Éowin do que a Arwen. Pelo menos, essa arriscou-se de verdade e matou o Rei de Angmar. Mas os numeriamos combinam mais com as elfas...
ResponderExcluir*Numerianos
ResponderExcluir